segunda-feira, 10 de outubro de 2011

" Carpe Diem "

Doce a tarde, desce em favos de mel . Aquieto-me embevecida aqui neste recanto do jardim " Carpe Diem ",  pudera eu segurar o tempo na palma das mãos!...
A paz desceu sobre a terra, e medita em cada coisa.  Sente-se que tudo está no seu lugar.  Não existe diferença entre as pétalas das flores, e os espinhos dos catos, que no canteiro  em frente se entrelaçam. A mesma beleza!...  
Em momentos assim, talvez os sonhos até sejam objectos que possa tocar.
Escrevesse eu pela manhã, bem cedo, e apenas saberia falar-te do vazio crescente, da tristeza que se me embolava no peito, e, me tornava o corpo e a alma  frágeis,
ao ponto de me emocionar, com tudo, e por nada.
Parecia que um regato soluçava dentro de mim, a caminho de um rio de margens  magoadas pelas ilusões, que  ficavam presas no lodo.
E, não me saía da cabeça a imagem daquela mulher, de olhos grandes,  entre paredes, iluminada por uma luz ténue.  Uns olhos que falavam de tantas coisas misteriosas,
como o é, o mistério da própria vida, e a alma insondável do mundo. Tinha visto a imagem numa revista enquanto tomava indolentemente  o pequeno almoço.  Identifiquei-me  com ela!...
Perturbou-me. Mas de forma positiva. Se a vida não tivesse mistérios, tudo se tornaria demasiado previsível, e, os dias seriam o rosto do próprio tédio.
E eu  a única coisa que quero de previsível, em todos os dias da minha vida,  é a tua voz.  Alimento do coração e da alma, que me  desfragmenta a monotonia da existência, que por vezes se instala.
Voz que chega como uma onda, e me penetra em todos os poros, como se o meu corpo fosse a areia  seca da praia, absorvendo cada gota, até que o momento mágico se repita, coroado de esperas ardentes.
Começa a levantar-se uma brisa fresca,  nos prédios em frente noto que o sol desce  veloz, como se não houvesse tempo para preguiças . A temperatura, começa agora a baixar de um modo brusco, só
assim me apercebo com um arrepio na pele, que afinal é Outono. Os dias vão encolhendo, para dar lugar à noite.
O céu límpido e azul cobrir-se-à  de estrelas em comunhão com a lua.  Será a hora dos amantes e poetas, ensejo alado dos sonhadores...  
No silêncio, poderemos sentir a alma não só do mundo, mas de todo o Universo, despido em constelações. E, os meus olhos vestir-se-ão de mistério, como os daquela mulher.
Quando o sono me vencer, atravessarei a distância, e arderei no teu coração...

Maria Augusta Loureiro
(Margusta)
08/10/2011